sábado, 3 de setembro de 2011

A Bíblia e as Vocações

Quando nos perguntamos o que é vocação, a resposta que encontramos é que ela é chamado. Sim, vocação é chamado, ou chamamento – pois continuamente Deus nos chama. Mas ela não se fecha somente nesta esfera. É mais profunda e ortopráxica. Constatamos isso na análise dos meses temático propostos pela Igreja: Agosto, onde celebramos o mês vocacional e a dinamização da vocação; setembro, onde a meditação é sobre a bíblia e que tem como intenção nos ajudar e aprofundar o amor pelas sagradas escrituras; e outubro, cuja reflexão situa em torno das missões: dever de todos os cristãos.


Se observarmos bem, os eixos fundamentais das vocações são a reflexão dos temas destes meses que aqui destacamos. São temas que se auto completam formando um manual de conduta de quem se sente chamado. Vejamos: Quando celebramos o chamado de Deus (mês de agosto), refletimos que o Criador conta com a humanidade para desempenhar seu projeto. Deus chama, de diferentes modos, a humanidade, solicitando apenas uma entrega total e verdadeira a Ele.

Contudo, esta entrega só é frutífera se for acompanhada do testemunho do vocacionado. Testemunhar a bondade de Deus é requisito necessário para qualquer vocação. O santo livro foi escrito a partir do testemunho de um povo que descobriu o Deus verdadeiro e passou a adorá-lo. Esta é a palavra chave da reflexão bíblica do mês de setembro.

Em outubro a Igreja medita as santas missões – terceira dimensão necessária do vocacionado. A dimensão missionária é parte integrante da identidade cristã, como nos apresenta o documento de Aparecida (144), por isso ela pode ser considerada como um ‘terceiro pé’ do sustento vocacional.

Ora, desta forma encontramos o que podemos chamar de ‘tria munera’ do itinerário ascético de todo cristão. Todos são chamados por Deus a desempenhar alguma coisa, a começar Seu Reino na terra; no entanto, o chamado deve vir acompanhado do testemunho. O Vocacionado é aquele que dá testemunho de sua vida de fé! Mas, ser chamado e dar testemunho de nada valem se não formos missionários. Aliás, a missão é o resultado do bom discernimento vocacional e alimento do testemunho.

Se observarmos as vocações na bíblia, notaremos que todas passam por esta via: Chamado- testemunho-missão, observemos:

Abraão é chamado por Deus  para formar um povo eleito, um povo Bendito (Gn 12, 1-9.19). Abraão testemunha a bondade de Deus ( Sb 10,5) e desempenha aquilo que Deus havia pedido a ele.

José, filho predileto de Jacó e que foi chamado por Deus, para manter o seu povo vivo em tempos de penúria (Gn 37-50); foi o testemunho e a sabedoria de José que manteve o povo no caminho da santificação.

Jonas, que é chamado por Deus (... vai a Nínive..., cf. Jn 1, 1), e tenta fugir do chamado mudando o caminho de sua missão (v. 3), mas ao sentir-se tocado por Deus, realiza seu plano e converte uma cidade toda (3, 10).

João Batista, o primo do Cristo que, desde o ventre materno tinha preleção pelo messias; formou um grupo para preparar seu caminho ( Lc 1,5-22.57-80). João Batista morreu defendendo a justiça e a lei de Deus.
Podemos citar tantos outros testemunhos de personagens bíblicos que seguiram sua vocação com amor incondicional; contudo o convite que nos é feito hoje é de como estamos desempenhando a nossa vocação! Estamos seguindo o método “chamado/ testemunho/ missão”? Escutamos o que Deus nos pede e desempenhamos com amor, com solicitude? Estamos amando-O a ponto de afirmarmos, como Maria, modelo dos vocacionados, o “faça-se em mim a tua vontade”? Estamos configurando as nossas vontades às vontades de Cristo - sentido da nossa vida?

Refletir sobre a bíblia é também refletir nossa adesão ao projeto que ela nos apresenta! É refletir nossa resposta ao chamamento que Deus nos faz!
Amauri Ribeiro Thomazzi
VENI, DOMINE IESU!