domingo, 13 de março de 2011

Teologia das vocações

No texto ‘Teologia das vocações, João Batista Libânio aborda três concepções de salvação, modificadas a partir dos séculos. A primeira é que a salvação se dá a partir da Igreja: “Nesse período, a Igreja entendeu que a salvação é algo que possuímos de antemão e, de posse dela, a levamos aos outros. A salvação não está na realidade, o missionário é quem vai levá-la”; em seguida, com o surgimento dos pensamentos modernos, a salvação passou a ser considerada como anexa à pessoa: “nessa linha personalista, a salvação não se dá apenas pela pertença a uma Igreja, porque Deus está presente também na pessoa, criando-a e recriando-a constantemente para a comunhão”; a terceira ideia de salvação é aquela que se dá na transformação da realidade: “pela missão, transformamos a realidade e fazemos da salvação que está na pessoa, um convite à salvação alheia”.
No entanto, com o avanço da pós-modernidade e da cultura antropocêntrica, a salvação passou a ser desconsiderada. Há um grande desânimo nas pessoas, pois o momento atual revela que houve um cansaço, uma desilusão com o compromisso social porque as lutas sociais não surtiram o efeito que se esperava.
O presente tornou-se o centro. O passado não importa, já foi. O futuro não se sabe, então, importa viver o presente. É o “Carpe Diem” (viva o hoje), é o pensamento presentista, a festa da vida, dos “happy hour” de fim de tarde, das “baladas”.
E agora, como anunciar que “fora da Igreja não há salvação”, “na pessoa está a salvação” e “ na realidade está a salvação”? O presentismo é o corrosivo maior das concepções de salvação, embora seja positivo em alguns aspectos. Este presentismo tem uma força corrosiva muito grande, porque só interessa o prazer, o aqui e agora. Todo o resto gira em torno disso. Daí a negação radical da proposta cristã, porque no cristianismo se vive para o outro, e o presentismo coloca o eu no centro.
O principal ‘público’ a contrair o presentismo é a juventude. Seja pela falta de referências, seja pelo excesso de informações. Os jovens estão entrando num presentismo tão forte – subsidiado pelas drogas – pois necessitam estar bem logo, fugir momentaneamente dos problemas e das interrogações que pairam suas mentes. Tentam, numa fração de segundos, fugir de si mesmos [...].
Texto adaptado da revista tribuna, do mês de dezembro de 2010,
 Padre José Eduardo Meschiatti.

Nenhum comentário:

Postar um comentário