sábado, 23 de abril de 2011

Páscoa de Jesus, nossa Páscoa!

Páscoa de Jesus, nossa Páscoa!

“No primeiro dia da semana, Maria Madalena vai ao sepulcro, de madrugada, quando ainda estava escuro e, vê que a pedra fora retirada do sepulcro. Corre, então e vai a Simão Pedro e ao outro discípulo, que Jesus amava, e lhes diz: ‘Retiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram’” (Jo 20, 1-2)
Durante o período da Quaresma nos preparamos para a grande festa do cristianismo: a Ressurreição, Páscoa de Jesus. Utilizando do jejum, oração e caridade, buscamos uma conversão profunda e verdadeira de todo o nosso ser, para melhor agirmos conforme o coração de Deus. Assim, buscamos tem uma prática cristã mais próxima das propostas do Evangelho, sempre servindo melhor aos nossos irmãos e irmãs, principalmente os mais necessitados e marginalizados. Vencendo os desafios do deserto e suas tentações (prazer, poder e ter), encontramo-nos com o Cristo Transfigurado, o Filho amado de Deus e, assim, escutar o que Ele nos diz e viver o que nos pede no nosso cotidiano.
Após o período da Quaresma, somos convidados a com Ele ressuscitarmos. A experiência da Páscoa deve ser em nossa vida de cristãos e cristãs uma experiência de encontro com a pessoa de Jesus, vencedor de toda situação de morte e opressão, abrindo-nos a perspectiva da vida nova em Deus, pois é em Cristo que devemos manter nosso olhar fixo (Hb 12,2).  Assim como os discípulos e discípulas tiveram sua experiência com o Ressuscitado, também nós devemos em nossos dias ter essa experiência.
Ao proclamarmos, ouvirmos e celebrarmos a narrativa da Ressurreição (Jo 20, 1-9) devemos nos deixar afetar e questionar pelo Evangelho. A Palavra de Deus sempre tem algo a nos dizer, mesmo escrita há centenas de anos, é sempre viva e atual!
Devemos nos identificar com a figura de Maria Madalena. Maria Madalena vai ao túmulo visitar Jesus, mas ao chegar se surpreende ao vê-lo vazio, afirmando a Pedro que alguém teria roubado o seu corpo. Mais do que a incredulidade de Maria Madalena, devemos ver a nossa diante do Senhor. Ela vai ao encontro do Senhor buscando um sentido para sua vida, busca de esperança, de sinais da presença de Deus. Só que essa busca se dá no lugar errado.
Não devemos buscar nossas esperanças no lugar da morte, da derrota que é o túmulo. Jamais encontraremos o Ressuscitado na morte, na derrota, na destruição, no túmulo. Devemos permitir que o Deus da vida venha ao nosso encontro, devemos buscá-lo primeiro em nós mesmos e, encontrando com o Cristo Ressuscitado dentro de cada um e cada uma de nós, Ele nos chamará pelo nome e, reconhecendo o Cristo pela voz, possamos ouvir as vozes que clamam por um mundo mais justo e fraterno, um mundo que busca vida! Aí poderemos repetir como Maria Madalena o fez posteriormente: Eu vi o Senhor!
Quando fazemos esse encontro com o Senhor Ressuscitado tudo muda em nossa vida. Tal encontro se torna o fundamental em nós e, a partir dele, somos homens e mulheres novos e nossa perspectiva é sempre a Páscoa. A partir da Páscoa de Jesus podemos entender os planos de Deus em nossas vidas e no nosso cotidiano. Assim, não vemos mais o outro como ameaça, o diferente como inimigo, mas compreendemos tudo fundamentalmente pelo AMOR. O Ressuscitado faz com que a Páscoa aconteça em nossa vida e tudo passa das travas para a luz. Isso não quer dizer que só teremos alegrias, mas que quando passarmos por algum sofrimento teremos a certeza da vitória da vida sobre a morte, teremos a certeza da Ressurreição em nossos corações e em nossas atitudes. Ao anunciarmos a Ressurreição de Jesus anunciamos uma nova ESPERANÇA e, damos razões dessa esperança (1Pd 3,15). Esperança que não é espera, mas ação transformadora do nosso interior e da nossa realidade.
Que possamos, como o discípulo amado correr ao encontro do Ressuscitado e proclamarmos a nossa FÈ a todos os cantos da Terra! Pois o Senhor Ressurgiu verdadeiramente, Aleluia! E, gostaria de encerrar este texto com um trecho da oração feita pelo Cardeal Martini quando proferiu sua Homilia na Catedral de Milão por ocasião da Páscoa de 1992, na qual baseamos este texto.
“Ó Jesus, tu que ressuscitastes, concede a cada um de nós compreender que tu és o objeto último, verdadeiro dos nossos desejos e da nossa procura. Dá-nos entender o que existe no fundo dos nossos problemas, o que existe dentro das realidades que nos fazem sofrer. Ajuda-nos a perceber que nós buscamos a ti, plenitude da vida; buscamos a ti, verdadeira Paz, buscamos uma pessoa que és tu, Filho do Pai, para podermos ser, nós também hoje, nesta Eucaristia, ó Jesus Ressuscitado, para que possamos ouvir a tua voz que nos chama pelo nome, para que nos deixemos atrair por ti, entrando desta forma na vida trinitária, onde tu és, com o Pai, o único Filho, na plenitude do Espírito”