Separar, Deixar e Partir
Toda rosa traz em sua beleza
também uma tristeza.
Não pode fugir do seu destino,
o qual é abrir-se para morrer.
Beleza e tristeza não são apenas
vocábulos que se desdobram
em existências, mas são também,
adjetivos velados em olhares
mendicantes.
Toda rosa traz em sua beleza
também uma tristeza.
Não pode fugir do seu destino,
o qual é abrir-se para morrer.
Beleza e tristeza não são apenas
vocábulos que se desdobram
em existências, mas são também,
adjetivos velados em olhares
mendicantes.
A rosa não é egoísta; não tem
a pretensão de segurar as pétalas
para si, porque sabe que outras
histórias dependem do seu
sacrifício.
E as pétalas ao saberem que
chegou o momento de se separar,
elas se desprendem, levando em
suas memórias apenas a
história de que um dia se pertenceram.
Assim são, também, algumas
histórias. Esbarram na
fragilidade e perecem sem
possibilidade de ressurreição.
Morrem no tempo e tornam-se
reminiscências.
Pétalas e rosa se separam,
história e memória se costuram.
Viver torna-se possível a partir
do separar-se.
Para a rosa o tempo lhe escapa,
porém, ela não sabe que ao
sacrificar-se, ela escapa a si mesma.
As pétalas deixam para trás uma
história, porque precisam partir.
Mas elas sabem o quanto se deixaram
no que foi deixado.
Separar, deixar e partir são versos
que compõem a poesia da dor e por
onde a linguagem da vida
inevitavelmente transcorre, perpassa.
Certas ausências guardam muita
presença.
Por Ulisses Cabral - Aluno do Instituto Vocacional Propedêutico São José, da Arquidiocese de Campinas.