segunda-feira, 16 de maio de 2011

Separar, Deixar e Partir


Separar, Deixar e Partir

Toda rosa traz em sua beleza
também uma tristeza.
Não pode fugir do seu destino,
o qual é abrir-se para morrer.
Beleza e tristeza não são apenas
vocábulos que se desdobram
em existências, mas são também,
adjetivos velados em olhares
mendicantes.

A rosa não é egoísta; não tem
a pretensão de segurar as pétalas
para si, porque sabe que outras
histórias dependem do seu
sacrifício.

E as pétalas ao saberem que
chegou o momento de se separar,
elas se desprendem, levando em
suas memórias apenas a
história de que um dia se pertenceram.
Assim são, também, algumas
histórias. Esbarram na
fragilidade e perecem sem
possibilidade de ressurreição.
Morrem no tempo e tornam-se
reminiscências.

Pétalas e rosa se separam,
história e memória se costuram.
Viver torna-se possível a partir
do separar-se.
Para a rosa o tempo lhe escapa,
porém, ela não sabe que ao
sacrificar-se, ela escapa a si mesma.
As pétalas deixam para trás uma
história, porque precisam partir.
Mas elas sabem o quanto se deixaram
no que foi deixado.

Separar, deixar e partir são versos
que compõem a poesia da dor e por
onde a linguagem da vida
inevitavelmente transcorre, perpassa.
Certas ausências guardam muita
presença.

Por Ulisses Cabral - Aluno do Instituto Vocacional Propedêutico São José, da Arquidiocese de Campinas.